As vítimas do naufrágio da lancha Dona Lourdes 2, que saiu do Marajó e afundou em frente à Ilha de Cotijuba, em Belém, deixando 23 mortos em setembro do ano passado, familiares e amigos que integram o Movimento Vidas Marajoaras Importam voltaram para as suas casas, ontem (12), com um misto de sentimentos após a passeata por Belém e visita à Assembleia Legislativa do Pará (Alepa). Ficaram satisfeito com a proporção que o ato ganhou, mas decepcionados com o apoio que receberam no parlamento, onde foram recebidos por apenas três dos 41 deputados que compõem a Casa.

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O ato reuniu dezenas de pessoas em marcha pelas ruas da capital saindo do Terminal Hidroviário de Belém e chegando na Alepa, onde fizeram um ato em frente ao prédio legislativo.

Mesmo sendo num dia de sessão ordinária, quando a maioria dos parlamentares está presente, apenas os deputados Carlos Bordalo e Elias Santiago (ambos do PT) e Lívia Duarte (PSOL) receberam uma comissão de 18 pessoas formada por vítimas, familiares das vítimas fatais e integrantes do movimento Vidas Marajoaras Importam.

Um destaque positivo merece ser feito em favor do deputado Bordalo (marajoara de Curralinho, mas com base política em Belém), que conduziu uma comissão especial para apurar a situação do transporte logo após o naufrágio e que na semana passada encaminhou uma moção de celeridade cobrando agilidade da Polícia Civil nas investigações.

Decepção

Por outro lado, um destaque negativo deve ser feito para os políticos marajoaras. Andréia Xarão (MDB) e Luth Rebelo (PP), deputados marajoaras com base política em Breves, ignoraram totalmente o ato e não deram as caras nem para se solidarizarem com os conterrâneos consternados.

Pior ficou para Luth, que é vice-presidente da Alepa e cuja família tem navios e lanchas operando no transporte público marajoara.

Também não pegou nada bem para os prefeitos e vereadores marajoaras. Nenhum prefeito, nem mesmo das cidades mais atingidas, como Salvaterra, Cachoeira do Arari e Soure, apoiaram o ato.

Apenas a vereadora Cirema Pedrosa (PSB), de Cachoeira do Arari, acompanhou os manifestantes.

“Uma decepção muito grande. Os políticos marajoaras sabiam, o Pará todo sabia. E apenas estes três nos atenderam”, disse à coluna uma das vítimas, Nayanni Batalha.

Na prática

Além de chamar a atenção da opinião pública para a incompetência do poder público na condução do atendimento aos afetados pelo naufrágio, os manifestantes conseguiram entregar um documento que apresenta sete tópicos com reclamações e reivindicações à Polícia Civil e ao Governo do Estado por meio da Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos (Arcon) e da Secretaria de Estado de Transportes (Setran).

Os três deputados se comprometeram a oficiar os órgãos e cobrar providências.

Para quem?

Não há dúvida de que Vidas Marajoaras Importam, mas, diante de toda essa falta de consideração, é legítimo perguntar: Vidas Marajoaras Importam para quem?